O Brasil está avançando rápido no conceito de economia circular. Ainda que os desafios existam, na indústria o movimento é de prevalência e constância no propósito. Empresas dos mais diversos setores estão comprometidas em implementar a circularidade de ponta a ponta da cadeia produtiva. A sessão de Aceleração da Veolia, líder global em gestão de recursos nos segmentos de resíduos, energia e água, realizada durante o Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF) 2025, reuniu representantes da Veolia, PepsiCo, Heineken e Eu Reciclo em uma conversa sobre modelos de negócios para promover uma economia mais circular, no Aya Hub, em São Paulo (SP).
De acordo com Priscila Papazissis, Gerente Corporativa da PepsiCo, a Companhia tem uma visão focada no plástico e uma missão agressiva para reduzi-lo nas embalagens de seus produtos. Hoje, recupera 100% dos snacks pós-consumo em 12 estados do Brasil. E a maior parte do resíduo coletado vai para geração de energia. A reciclagem estendeu-se à embalagem longa vida, sendo a empresa pioneira nessa inovação.
Outra iniciativa em circularidade relevante dentro da PepsiCo está relacionada ao reuso de água. Para isso, conta com um mapeamento de risco de área em escassez hídrica, sobretudo em três unidades situadas em regiões de escassez. “Em Itu (SP), já atingimos a meta de 0.30 L por kg de água produzida. No município, temos parceria com a Heineken para complementar o nosso reuso e alcançar a sustentabilidade que precisamos para produzir diariamente. Esse ano, iniciamos o mesmo procedimento em Sete Lagoas (MG) e há uma semana em Curitiba (PR)”, conta a executiva. Além destas iniciativas, a empresa conta com uma estação de biometano, iniciada em 2024 – que até 2030 deve ser estendida a todas as unidades da Companhia no país. “Enquanto essa expansão não acontece, fazemos a compensação em crédito de carbono, voltado ao biogás.”
Para Heineken, a circularidade está no centro do negócio. Isso envolve olhar toda a cadeia de abastecimento, dos fornecedores à agricultura. Por meio do Heineken Spin desenvolveram um modelo de negócios de impacto. “Investimos R$150 milhões em 2024 nessa iniciativa, junto a empresas que estão trabalhando para sanar os principais desafios da nossa cadeia. Um exemplo disso é a criação de uma agrofloresta em Itu, com mais de 800 hectares, em que vamos trabalhar, além de captura de carbono, a geração de resiliência hídrica em uma região que necessita, gerando também empregos”, comenta Marília Robles, Gerente de Sustentabilidade da Heineken.
O grande desafio, no entanto, está em mudar a cadeia do vidro, material infinitamente reciclável, porém extremamente complexo, que é responsável pela maior emissão da cervejaria. Dentro disso, a empresa desenvolve parcerias e busca por políticas públicas que possam auxiliar neste processo. Foram criados hubs de reciclagem para coleta de caco de vidro, que depois são encaminhados à indústria vidreira, como uma iniciativa menos carbono intensiva. A ideia é tornar a cadeia parte da solução. Outras duas frentes de trabalho da Heineken são: energia verde e marcas de impacto.
Já a Veolia tem atuado na descarbonização dos aterros sanitários que opera no Brasil, a partir da extração do biogás proveniente da decomposição dos materiais orgânicos ali depositados, gerando energia elétrica suficiente para cobrir o consumo de aproximadamente 55.500 mil habitantes. Também tem providenciado combustível renovável para indústrias por meio da valorização de resíduos, e já produziu, desde 2013, 41 mil toneladas de corretivo de acidez do solo para uso em florestas, transformados a partir de resíduos da celulose, que substituem os fertilizantes convencionais e reduzem o descarte de resíduos industriais. Desta forma, gera negócio de valor reduzindo impactos ambientais. Globalmente, gerencia e trata 65Ml toneladas de resíduos e produz 42 TWh de energia, além de abastecer 111 milhões de pessoas com água potável e levar acesso a serviço e tratamento de água a 98 milhões.
Focada na reciclagem de resíduos sólidos, a Eu Reciclo está no caminho de apoiar seus clientes, como a indústria, para alcançar suas metas em circularidades. “Estamos tentando entender como tornar a cadeia de reciclagem mais sustentável ambiental, social e economicamente para perenizar as taxas de reciclagem e crescer durante todo o ano. Quem está no setor sabe que quando cai o preço, o material perde atratividade e simplesmente as pessoas não vão reciclar. É difícil avançar. Retroceder, então, machuca muito – como país”, fala Marcelo Lopes, CEO da vertical de infraestrutura da Eu reciclo.
A empresa olha para investimentos em infraestrutura, como vetor para dar um salto de escala, dentro do que acredita necessário para a reciclagem no país. Já no que diz respeito a emissões de gases de efeito estufa (GEE) e clima, agenda comum na indústria, a Eu Reciclo está com estudo encaminhado, analisando a conexão entre reciclagem e os GEE.A sustentabilidade vai além da visão ambiental, tal como o valor que está criando para a sociedade. Neste contexto, Laura Arias, Diretora de Sustentabilidade da Veolia para América Lartina, afirma que “somente as companhias que tiverem circularidade na alma vão poder continuar produzindo com competitividade. Temos cada vez mais a necessidade de trabalharmos juntos em um ecossistema que traga boas práticas que gerem continuidade e competitividade na indústria.”
José Renato Bruzadin, Diretor Executivo de Desenvolvimento de Negócios Industriais e Energia da Veolia no Brasil, complementa: “sempre que temos um desafio na empresa, nossa presença em mais de 58 países nos permite acionar a nossa rede de expertise para desenvolver ou trazer soluções de fora e adaptá-las a cada região e situação. Somos integradores e atuamos para atender às necessidades específicas de cada cliente.”
SOBRE A VEOLIA
O grupo Veolia tem o objetivo tornar-se a companhia referência para a transformação ecológica. Presente em cinco continentes, com 215.000 funcionários, o Grupo projeta e implementa soluções úteis e práticas para a gestão de água, resíduos e energia, que contribuem para uma mudança radical da conjuntura atual. Por meio de suas três atividades complementares, a Veolia ajuda a desenvolver o acesso aos recursos, a preservar o que temos disponíveis e a renová-los. Em 2024, o grupo Veolia forneceu água potável para 111 milhões de pessoas e saneamento básico para 98 milhões, produziu 42 milhões de megawatts-hora de energia e tratou 65 milhões de toneladas métricas de resíduos. A Veolia Environnement (Paris Euronext: VIE) alcançou uma receita consolidada de 44,7 bilhões de euros em 2024.
